24 dezembro 2018

FELIZ NATAL!

Nós, do AEP e do AEOL, desejamos a tod@s que o Natal seja luminoso e que o Ano Novo continue repleto de arte e educação!


Até 2019!

10 dezembro 2018

ANA MAE INFORMA: NOTÍCIAS DE MOÇAMBIQUE


Ao ser convidada para o Seminário da InSEA, Building Social Cohesion through Arts Education na Namíbia, avisei que estaria na África, no começo de novembro, ao professor Lourenço Cossa de Moçambique de quem examinei uma excelente tese de Doutorado orientada por Analice Dutra Pilar na UFRGS. Ele imediatamente me convidou para dar uma palestra na Universidade Pedagógica na Escola Superior Técnica, Departamento de Desenho e Construção no qual ele é o único professor Doutor, responsabilidade enorme para meu colega moçambicano. Sei disto por experiência própria pois por quase dez anos fui a única doutora em Arte/Educação no Brasil. Depois disto nos desenvolvemos muito rapidamente graças a criação de linhas de pesquisas nas Pós-Graduações em Artes e Educação.

Os moçambicanos foram excelentes hospedeiros. Reuniram mais de duzentos professores para ouvir minha palestra que eles intitularam de Ensino da Educação Visual/Artes e formação de professores. Lá em Moçambique o nome da Disciplina de Artes no currículo do ensino Fundamental e Médio é Educação Visual. Os burocratas da educação estão querendo retira-la do Ensino Médio como o governo Temer fez no Brasil. Com eu já havia notado no Seminário da InSEA na Namíbia os homens, também em Moçambique são a maioria dos professores de Arte, diferentemente do Brasil onde esta área é maciçamente feminina.

A mesa de abertura de minha palestra foi composta de pessoas importantes na Universidade e também convidaram Sílvia Bragança, arte/educadora, professora de História da Arte e curadora. Trabalhamos juntas muitos anos no Conselho Mundial da InSEA no qual ela representava a África e eu a América Latina (1984 a 1994). Silvia é viúva de Aquino de Bragança um dos heróis libertadores de Moçambique que morreu no atentado ao Presidente Samora Machel. Aquino de Bragança era jornalista e intelectual, criador e diretor do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. Visitei com Silvia esta Universidade onde ela iniciou em Moçambique a área de Educação Visual. Silvia é extremamente respeitada e querida por toda a intelectualidade do país que adotou, pois nasceu em Goa na Índia, em 1937.

 No dia da palestra, 6 de novembro, fui entrevistada por TV e Rádio. O auditório produziu um excelente e quase interminável diálogo depois de minha palestra. As perguntas que se seguiram eram oportunas e inteligentes, demostrando conhecimento de meus livros, especialmente da Abordagem Triangular.  São alunos, professores e artistas atualizados nas pesquisas sobre Ensino da Arte, o que lhes falta é a ampliação das estruturas institucionais e criação de mestrados e doutorados.

No dia seguinte tive um encontro com o grupo com o qual Lourenço trabalha. Estão se titulando fora do país. Mestre Rangel Manjate é um teórico complexo, designer gráfico e professor em Educação Visual, Marcos Muthewuye um escultor muito talentoso e José Hoguane, que está terminando o doutorado em Portugal, é um excelente conhecedor de políticas culturais e coordenador dinâmico de um departamento.

À tarde visitei com Lourenço as instituições Culturais de Maputo como Museus, Centros Culturais, Galerias de Arte e Centro de Artesanato, onde vi excelentes trabalhos. A Fundação Fernando Leite Couto criada em 2015 em homenagem ao poeta falecido em 2013, irmão de Mia Couto, foi talvez a visita mais agradável. Conversamos com pessoas que o estavam visitando, um artista local, um garçom conhecedor de Arte, todos entusiasmados pelo trabalho em Literatura e Artes Visuais que a Fundação faz. Naquele dia, 7 de novembro, estava sendo inaugurada uma exposição de Manuel Bata intitulada “Os sentimentos das mãos” e na noite anterior havia sido lançado um livro para crianças de Mia Couto. Em três anos a Fundação criada pela família Couto já se tornou um fator de mudança, pois vem respeitando seu lema “Fazer junto com os outros”.

Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_Fernando_Leite_Couto 

Vendo a ação multiplicadora de Lourenço Cossa em seu departamento reforçou-se minha convicção de que os programas de bolsas de estudos do Brasil para nossos colegas africanos são essenciais para que conheçamos as culturas uns dos outros e as reforcemos mutuamente.


Ana Mae Barbosa, especial para AEOL

04 novembro 2018

CRIOLO RESUME A POLÍTICA BRASILEIRA RECENTE EM "BOCA DE LOBO"

Se você ainda não ouviu e nem assistiu "Boca de lobo" lançado às vésperas do primeiro turno das eleições que nomearam Jair Messias Bolsonaro como o 38º presidente da era republicana do Brasil, é bom saber que se trata de um resumo dos fatos políticos que marcaram a nação brasileira desde as manifestações iniciadas em junho de 2013.

Estão presentes em "Boca de lobo":

- bate panela em varanda gourmet;
- incêndio em prédio ocupado no Largo do Paissandú/SP, em museus e em reservas indígenas;
- prisão de Rafael Braga acusado de portar produto para fazer coquetel molotov;
- escândalo das merendas em São Paulo;
- explosão na Praça da Sé;
- doenças em presídios;
- direitos humanos;
- perseguição e prisão duvidosa de negros, indígenas e mestiços;
- ração humana de Dória;
- elogio à diversidade da cultura brasileira;
- poder das redes sociais;
- recatada e do lar;
- fake news;
- pós-verdades;
- PEC 55 - Proposta de Emenda Constitucional sobre o teto dos gastos públicos, aprovada em dezembro de 2016, que congelou os gastos com educação e saúde até 2036;
- destaque para o alto nível de estudantes da escola pública no Ceará;
- guerra dos tráficos;
- aforismos: textos curtos com sentenças ou princípios práticos/morais;
- alusão à paz em culturas e religiões afro/brasileiras;
- hipocrisia social;
- crítica à hegemonia cultural;
- tucano caça helicóptero que pulveriza pó branco (cocaína) sobre as pessoas;
- políticos presos;
- cobra grande corre por todos os lados;
- carteira escolar pega fogo como alusão às ocupações escolares contra o fechamento de escolas públicas e os descasos com a educação;
- Petrobrás;
- Albert Camus e Dalai Lama são citados;
- porco chafurda na lama que devastou Bento Rodrigues na cidade de Mariana/MG;
- Janaína Pascoal roda a bandeira no centro da cidade e São Paulo;
- evangélico bate na bíblia;
- Marielle Franco em seu vestido florido;
- La la land não é aqui;
- crítica ao SUS;
- novo herói da Disney virá da Cracolândia;
- dinheiro na cueca;
- dinheiro no apartamento de Geddel Vieira;
- morcego alude ao "presidente temeroso" e sobrevoa o Congresso Nacional.

Pois é! Boca de lobo leva para o esgoto. Confira:


Tem muito mais. Acesse aqui a análise da galera do "Pensado nisso".

José Minerini
Editor AEOL

05 outubro 2018

ANA MAE INFORMA: MINISTROS CRITICADOS POR ESTUDANTES NO CHILE

Na Escola San Ignacio El Bosque os alunos fizeram nos inícios de setembro uma intervenção artística na aula de Artes em que os rostos de alguns dos ministros do governo do presidente Sebastián Piñera aparecem nos mictórios do banheiro do estabelecimento de ensino da Providencia.

Os rostos dos ministros Felipe Larraín (Tesouro), Emilio Santelices (Saúde), Isabel Plá (Mulher e Equidade de Gênero) e do ex-ministro da Cultura, Mauricio Rojas, são alguns dos que aparecem na intervenção com o logotipo do ministério com suas respectivas posições.

Intervenção artística em San Ignacio El Bosque
Imagem: Reprodução Twitter (https://www.publimetro.cl/cl/social/2018/09/09/colegio-san-ignacio-bosque-polemica-intervencion-urinarios-rostros-ministros.html)

Essas imagens foram acompanhadas por uma citação do filósofo francês Jacques Rancière: "A política começa justamente onde as perdas e os lucros não se equilibram, onde a tarefa consiste em dividir as partes do comum".

Uma amiga minha, Arte/Educadora no Chile me pediu para assinar e difundir uma carta em favor da Educação Artística no Chile, pois as críticas depois do acontecido são enormes contra a área. A professora está com seu emprego perigando.


Ana Mae Barbosa, especial para AEOL

___________________


AEOL informa: A carta em favor da Educação Artística no Chile não está mais aceitando assinaturas. Acesse-a aqui.

06 setembro 2018

EXPOSIÇÃO "C* É LINDO" FOI ATACADA EM SALVADOR

Tirei um período de férias e estou um pouco atrasado com as notícias de arte e educação, as quais estou tentando colocar em dia.

Polêmica,  contradição e controvérsia fazem parte do universo das artes e tem muita gente que ainda não entendeu isso.

Após críticas pouco fundamentadas a exposição, performance e peça de teatro que todo mundo já sabe, o alvo mais recente foi a exposição "C* é lindo" de Kleper Reis que esteve montada até 12 de agosto no Instituto Goethe de Salvador.

Mesmo com classificação indicativa de 18 anos, foi atacada por conservadores e pessoas que nada entendem de arte.

Fotografia: Mauro Akin Nassor/CORREIO
Disponível em: http://blogs.correio24horas.com.br/mesalte/o-que-eu-vi-na-polemica-exposicao-cu-e-lindo/ 

Como o nome diz - a exposição que ficou fechada durante um dia por conta dos ataques - foi dedicada ao ânus, e ao amor segundo o artista.

É! Estamos vivendo mais um perigoso momento no mundo, o qual, confesso, não imaginei viver, pois histórico e consciência dos males que posturas nefastas provocam são de longe sabidos.

Saiba mais sobre os ataques a essa exposição aqui.

José Minerini

04 setembro 2018

ANA MAE INFORMA: INTERNATIONAL YEARBOOK FOR RESEARCH IN ARTS EDUCATION

Acaba de ser publicado o International Yearbook for Research in Arts Education. Munique e New York: Editora WAXMANN, 2018.

Imagem: https://www.waxmann.com/waxmann-buecher/?tx_p2waxmann_pi2%5Bbuchnr%5D=3797&tx_p2waxmann_pi2%5Baction%5D=show 

Tem quase 500 páginas e seis contribuições da América Latina. 

Duas sobre Música, uma do México - principalmente sobre a formação de professores na Universidade Panamericana - e outra do Brasil de Magali Kleber, um artigo muito bom sobre música nas ONGs brasileiras.

Outro artigo latinoamericano é de Alejandra Orbeta (Chile) que fala de uma pesquisa comparativa entre Chile, Brasil, Argentina e Colômbia. Trata-se de uma pesquisa acerca das políticas públicas e conclui que seguimos os objetivos da UNESCO (2006, 2010). Ela termina dizendo que se de um lado Artes Educação (designação usada no livro) nestes quatro países promove a tradição - especialmente em relação à cultura autóctone e ao artesanato - do outro encoraja a criatividade, a inovação e as mudanças.

Há ainda um magnifico artigo de Gloria Restrepo da Colômbia sobre Artes Educação na construção de uma paz sustentável.

Ela dá  relevância ao contexto: Arte Educação tem que responder  às necessidades do país. Ressalta que precisamos de mais pesquisas para provar a importância social das Artes para reverter os terríveis danos provocados ao ser humano pelas relocações forçadas, desigualdade, insegurança física, violência, luta pela terra, etc.

Por fim temos um artigo muito bom de Camila Malig Jedlicki, participante do Projeto  de Pesquisa MONAES (Monitoring Arts Education Systems) da UNESCO coordenado por Tenis Ildens no Netherlands Center of Expertise for Cultural Education and Amateur Arts, que tinha como objetivo monitorar a agenda de qualidade da Unesco em todos os países membros desta organização.

Aliás, o livro foca principalmente nos resultados desta pesquisa. Na primeira parte da pesquisa - realizada em fevereiro de 2006 - entrevistaram 312 especialistas de 56 países sobre a interpretação individual de cada um acerca da função das Artes Educação e seu envolvimento e compromisso pessoal. Na segunda, se aplicou em maio de 2006 um questionário sobre os objetivos da UNESCO em cada pais: ACESSO, QUALIDADE e RESOLUÇÃO DE DESAFIOS. Foi respondido por 214 arte educadores de 52 países. 

A distribuição dos respondentes foi muito desigual: 
- 72% da Europa e Estados Unidos;
- 21% da Ásia do Pacífico; 
- 6% da África, Estados Árabes e América Latina.

Camila explica que enviou questionário aos membros do CLEA (Consejo Latinoamerincano de Educación por el Arte) e outros especialistas no total de 85 pessoas e só obteve 26 respostas. Pesquisou o número de publicações e o resultado foi:
- Brasil 18%;
- Colômbia 17%;
- Chile 14%;
- Argentina 12%;
- México 11% ;
- 19% do que é publicado na América Latina é de autores de fora da região. 

Camila, inteligentemente mas de forma discreta, aponta nossa dependência cultural em relação á Europa,
mostrando que 36% das editoras que publicam livros e revistas com artigos sobre Artes Educação na América Latina
são estrangeiras,  principalmente de Espanha e Portugal.

Meu artigo publicado nessa edição menciona várias experiências positivas e decoloniais na América Latina. No Brasil o "Tear", o "Daruê Malungo" e o "Projeto Casa Grande", os três com mais de 20 anos.

Uruguai, Taller Barradas e Bienais; Mexico, La Nana isto é CONARTE ;Paraguai , TEIJ; Argentina IMEPA e Rede Cossettini; Guatemala  Musica e Creatorio; Cuba DUPP.

Trata-se de um livro que nos mostra o que acontece em Arte/Educação no mundo.

Ana Mae Barbosa, especial para AEOL.

03 setembro 2018

ROCK SPOTS: MOVIMENTO PERPÉTUO

Algumas bandas, sejam nacionais ou de fora, têm vida curta. Isso não quer dizer que sua contribuição tenha sido menos importante.

Nessa linha, merece ser citada a banda Moto Perpétuo.

Formada em São Paulo na primeira metade da década de 1970, teve em seu line-up, Egydio Conde (guitarras e vocais), Diógenes Burani (bateria), Gerson Tatini (baixo e vocais), Claudio Lucci (violões, violoncelo, guitarras e vocais) e nada mais, nada menos que Guilherme Arantes (teclados e vocais).

Imagens: http://www.celsobarbieri.co.uk/memorias/index.php?option=com_content&view=article&id=494:moto-perpetuo-moto-perpetuo-1974&catid=21&Itemid=66  

O álbum “Moto Perpétuo”, filho único dessa formação, chegou em 1974, pela gravadora Continental Discos e conforme Guilherme relata, seu lançamento foi ofuscado, não só pelo mercado musical da época, como pela estratégia da própria gravadora que, ao mesmo tempo lançava A Barca do Sol (outro grande disco para se falar aqui e se ouvir aqui), com apadrinhamento mais forte. Apesar disso, teve sua estreia ao vivo no Teatro 13 de maio, em São Paulo, atual Café Piu-Piu.

"Moto perpétuo" é acima da média e tem ótimos arranjos, apesar das dificuldades de se gravar um álbum de rock progressivo com a tecnologia que se tinha à disposição em nosso país, àquele momento. Essa defasagem pode ser notada, por exemplo, nas gravações de bateria em todas as faixas, onde o baterista Diógenes inseriu incríveis arranjos, com viradas dignas das melhores bandas da década de 70, porém prejudicadas em seu registro final, sem nitidez e engolida por outros instrumentos.

A bateria de “Verde Vertente” é sensacional, pontuada pelo contra-baixo de Gerson Tatini, inspirado nos timbres de Chris Squire (Yes), sem falar no arranjo dos vocais da música inteira. Podemos citar ainda, a faixa “Mal o Sol” que abre o disco, “Seguir Viagem”, que emociona bastante com violões muito bem tocados e uma letra simples e linda. “Conto Contigo”, “Matinal” e “Turba” são outras pérolas que valem prestar atenção e repetir sua audição.

Confira:



"Moto Perpétuo" é uma estrela perdida nessa imensa constelação do rock nacional e abriu caminho para seu tecladista Guilherme Arantes alçar um voo solo extremamente bem-sucedido na música popular brasileira. Ouça-o contando um pouco dessa história:



Parte da banda (Claudio Lucci, Gerson Tatini e Diógenes Burani) voltaria em 1981 para gravar outro lindo LP sob o nome de "São Quixote", com Mônica Marsola (voz e violões) e participações do próprio Guilherme Arantes.



É isso! Aquilo que é bom se perpetua, em qualquer tempo ou espaço.

Carlos Bermudes, especial para AEOL.

17 agosto 2018

LANÇAMENTO DO LIVRO MEDIAÇÕES ACESSÍVEIS E PUBLICAÇÃO EDUCATIVA HISTÓRIAS AFRO-ATLÂNTICAS

Sábado, 18 de agosto, das 14h às 17h, irá acontecer o lançamento do livro Mediações Acessíveis e Publicação Educativa Histórias Afro-Atlânticas, no Instituto Tomie Ohtake.

Acesse o link e saiba mais.

Instituto Tomie Ohtake
Av. Brigadeiro Faria Lima, 201 (Entrada pela R. Coropés, 88) 
Pinheiros - São Paulo/SP

06 agosto 2018

RUMORES: EXPOSIÇÃO DE BJÖRK PODERÁ VIR A SP

Depois de passar por várias cidades americanas e europeias, a exposição' Björk Dgital" poderá ser montada em São Paulo. Será?

Björk
http://www.chilango.com/ocio/expo-bjork-digital-en-la-cdmx/

Veja como foi na cidade do México:


Saiba mais aqui.

Estamos esperando!

26 junho 2018

BOLETIM FAEB | JUNHO 2018

Boletim FAEB | Junho 2018

Informações sobre GTS CONFAEB 2018, ensaio visual de Olga Egas, entrevista com Federico Bujan e muito mais....

CLUBE DE LEITURA TRAMAS URBANAS: "PARIS É UMA FESTA" DE ERNEST HEMINGWAY


O Museu da Cidade de São Paulo convida a todas e todos ao clube de leitura Tramas Urbanas*.
Para participar, você pode ler o livro todo, algum trecho, ou só se interessar pela discussão. O encontro de julho será em torno do livro "Paris é uma festa" de Ernest Hemingway.

*Por meio de livros escolhidos a cada encontro, o clube tem como proposta traçar uma interface entre a leitura e a cidade, buscando formas de encarar e discutir a literatura como memória das vivências urbanas de autores e personagens.

TROCAS E OLHARES: MEDIAÇÃO E EDUCAÇÃO EM ARTES VISUAIS PARA EDUCADORES



07 junho 2018

ANA MAE INFORMA: VISITA A UMA EXPOSIÇÃO MUITO SIGNIFICATIVA


O SESC Ipiranga e o Museu do Ipiranga estão fazendo parcerias para exposições históricas.

O Museu do Ipiranga estará fechado até 2022 para reforma, mas tem um acervo histórico excepcional. Sua diretora, a historiadora Solange Ferraz de Lima, e o conhecido e celebrado designer Chico Homem de Melo, também da USP, organizaram a exposição “Papéis Efêmeros: memórias gráficas do cotidiano”.


Imagem: https://www.sescsp.org.br/unidades/5_IPIRANGA/#/uaba=programacao#/fdata=id%3D5 

É uma exposição para especialistas em design gráfico, adultos de qualquer profissão, e principalmente as crianças, vão adorar.

Fundamentalmente, é uma exposição para avivar a memória e todos os sentidos. Você poderá rememorar até o gosto daquela bala que você costumava comer quando era criança ao ver na exposição o papel que a embrulhava.

Danilo Miranda, um exemplo de gestor impecável e muito inteligente, no catálogo em forma de jornal chega a falar em “Ouvir os Impressos” pois “rótulos, embalagens, anúncios e publicações, em geral sem autoria identificável, contam histórias coletivas cuja compreensão permite leituras mais lúcidas não apenas do passado, mas dos tempos que correm”.

Uma equipe de educadores excelente recebeu meus alunos de Estudos Visuais da Universidade Anhembi Morumbi. Liderados por Danielle Sleiman, cujo trabalho muito dialogal eu já conhecia de outro Centro Cultural, nos fizeram descobrir diferenças culturais e fazer diferentes leituras ao passearmos pelos diferentes núcleos da exposição que são:

- Núcleo Cultura que mostra de livros de receita a impressos de música(1900 a 1950);

- Núcleo Educação onde se pode ver o início da propaganda de São Paulo como o estado educador na década de 20. Quem tem mais de 40 anos vai encontrar  alguma coisa que lembre sua escola pois os anos 20 perduraram até os anos 80 mais ou menos.

- O Núcleo Consumo é variadíssimo.  Trata-se da coleção de Egydio Colombo Filho (1955-2013) que pertence ao Museu do Ipiranga. É o Núcleo que mais apela para a comparação visual, principalmente de rótulos do mesmo produto através do tempo como a vitrine de rótulos de água mineral Lindoya, cujo testemunho gráfico representa o equilíbrio entre a persistência e a mudança.

O Núcleo de Técnicas de Impressão e o de Poéticas do Efêmero são os mais sedutores como também é muito sedutor o Design da exposição com vinhetas de detalhes dos impressos que animam o espaço magnifico do SESC Ipiranga, o qual cultiva a impressão de quintal para brincar.

É uma variável muito interessante para se opor ao “cubo branco” copiado a exaustão pelos nossos museus conservadores, embora de Arte Moderna e Contemporânea, uma contradição. 

Lembrou-me o modo de expor da Coleção Barnes na época de seu criador (anos 70) injustamente difamado.

A exposição ficará até setembro. Em julho haverá uma programação efêmera muito animada e significativa para crianças e adultos e até para colecionadores que terão um dia para mostrar suas coleções de material gráfico.

Professores ganham material didático muito bom para estes tempos de Copa, um álbum de figurinhas não de jogadores, mas rememorador da exposição, uma herança do ideário da Escola Nova: reforço de aprendizagem pela imagem.





Ana Mae Barbosa, especial para AEOL - Arteducação Online

06 junho 2018

A FOTOGRAFIA NA ARTE CONTEMPORÂNEA E O TERRENO DA FICÇÃO

A pesquisadora Daniela Maura Ribeiro ministrará uma palestra em 21 de junho no Centro de Pesquisa e Formação do SESC sobre fotografia e ficção na obra dos artistas Regina Silveira e Carlos Fadon Vicente.

Corre se inscrever aqui porque são poucas vagas.

26 abril 2018

SAÍRAM AS PROPOSTAS EXPOSITIVAS DOS ARTISTAS-CURADORES DA 33ª BIENAL DE SP

O curador geral da 33ª Bienal de São Paulo, Gabriel Pérez-Barreiro, descentralizou a função de curador e convidou sete artistas para dividi-la com ele, algo (por enquanto) próximo a o que fez na 6ª Bienal do Mercosul, em 2007.

A Fundação Bienal de São Paulo publicou ontem as propostas de cada um dos artistas-curadores por ele convidados.

Conheça-as aqui.

24 abril 2018

10 abril 2018

CURSO MEDIAÇÃO EM ARTE/EDUCAÇÃO | CPF SESC/SP


PROGRAMA

O AEP - Arteducação Produções é um coletivo de artistas, professores e pesquisadores que vêm realizando desde 2001 propostas de mediação em arte/educação, e formando educadores que atuam em escolas, museus e instituições culturais junto a estudantes e visitantes de exposições de arte, patrimônio, memória e história.

Dentre as experiências acumuladas pelo AEP no decorrer dos anos, há diálogos e reflexões, experiências complexas em potenciais processos de educação.

No desejo de ampliar provocações e reflexões, pesquisas e questões sobre a mediação, a intenção neste curso é explorar aspectos sobre mediação em arte e educação, propondo diálogos com os participantes a partir dos temas como as experiências em mediação com crianças e adolescentes com paralisia cerebral, da acessibilidade e inclusão no espectro da arte e da cultura, entre outros.

Os encontros desse curso convergem para questões contemporâneas sobre arte e educação como potenciais caminhos para o desenvolvimento de novas percepções e pesquisas para a mediação em arte/educação.

Programação

26/05. Formação de arte/educadores mediadores
Os contextos culturais como foco, problematizando questões contemporâneas.
Com Rejane Coutinho.

02/06. Mediação: Diversidade e Adversidade
Conversa a respeito de adversidades e diversidades na educação.  Com a participação da primeira mulher transexual a dirigir uma escola estadual em São Paulo. 
Com José Minerini e Paula Beatriz de Souza.

09/06. Mediação e processos criativos de arte/educadores
Abordagem sobre processos criativos vivenciados e protagonizados por arte-educadores e a sua repercussão nas propostas educativas desenvolvidas para o público.
Com Camila Lia.

16/06. Mediação e inclusão
Apresentação de experiências em mediação com crianças e adolescentes com paralisia cerebral, convidando os participantes para conversar aspectos desta prática, a respeito de acessibilidade e inclusão no espectro da arte e da cultura.
Com Ana Amália e Moa Simplício.

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Condições especiais de atendimento, como tradução em libras, devem ser informadas por email ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

(Foto: AEP)

DATA
26/05/2018 a 16/06/2018

DIAS E HORÁRIOS
Sábados, 10h às 13h.
As inscrições podem ser feitas a partir de 24 de abril às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

LOCAL
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

VALOR
R$ 18,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 30,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 60,00 - inteira



21 março 2018

ROCK SPOTS: O TERÇO


É, caros amigos, nem só de Europa e de Tio Sam vive o Rock Progressivo.
Yes, nós temos Prog!
Para representar essa vertente verde e amarela do nosso Rock and Roll, escolhi uma banda que me conquistou desde a primeira audição, com uma pegada forte e marcas bem nacionais: O Terço!


A formação clássica de “O Terço” em 1974: 
Flavio Venturini, Luiz Moreno, Sergio Hinds e Sergio Magrão.
Foto: murodoclassicrock4.blogspot.com.br


O início

O Terço teve início em 1968, no Rio de Janeiro com Jorge Amiden na guitarra, Sergio Hinds no baixo e Vinícius Cantuária, na bateria. Nessa fase embrionária, influências do Rock da década de 1950, Folk Rock, música erudita e hard rock inglês já eram notadas em seus primeiros discos e até chegaram a defender algumas canções em edições do FIC (Festival Internacional da Canção), com a música “Tributo ao Sorriso”, por exemplo.




Em 1972, Jorge Amiden sai da banda e a nova formação passa a contar com Sergio Hinds nas guitarras, Cezar de Mercês no baixo e Vinícius Cantuária na bateria. Nessa época, gravam o disco “O Terço”, se aproximando bastante do Rock Progressivo que se fazia na Inglaterra (ouça abaixo “Amanhecer Total”). Após esse álbum, Vinícius Cantuária e Cezar de Mercês deixariam a banda e uma nova fase estava por começar.




Discoteca básica do Rock Brazuca

Em 1975, o Terço era: Sergio Hinds (guitarras), Sergio Magrão (baixo), Luiz Moreno (bateria) e ninguém menos que Flavio Venturini (teclados), inaugurando aquela que seria a melhor fase da banda.
O terceiro disco do Terço, “Criaturas da Noite”, foi lançado em 1975, com capa de Antonio e André Peticov e canções com arranjos orquestrais de Rogerio Duprat (considerado por eles, o “George Martin” da banda), Rock Progressivo e principalmente Rock Rural, com uma temática voltada para o campo, ora psicodélica, ora mais pé no chão. Faixas instrumentais também completam o disco, como a suíte “1974” e “Ponto Final”. 


Capa do disco “Criaturas da Noite” / Foto: osomdovinil.org




No ano de 1976, chegava às lojas o disco “Casa Encantada”, seguindo o estilo do anterior, porém mais folk, mais rural e progressivo. Faixas lindíssimas, como “Sentinela do Abismo”, “Pássaro” e “Casa Encantada” dão vontade de entrar no carro e pegar a primeira estrada para qualquer lugar fora da cidade. Isso sem falar nas faixas “Solaris” e “Guitarras”, com um selo de alta qualidade sem dever nada para as grandes bandas de Prog inglesas. Nesse álbum, O Terço teve contribuições de Rogerio Duprat nos arranjos de cordas e Sá e Guarabyra, Marcio Borges, Cezar de Mercês nas composições. Esses dois álbuns, Criaturas da Noite e Casa Encantada, são considerados discoteca básica para qualquer um que aprecie MPB e Rock and Roll, verdadeiras obras-primas da nossa música brasileira.


Capa do disco “Casa Encantada” / Foto: progbrasil.com.br




O Terço continuou seguindo sua estrada, e em 1978 lançaram “Mudança de Tempo”, um disco mais voltado para a MPB (ouça “Gente do Interior”) e ao mesmo tempo, mais diversificado, ainda com influências de Prog Rock e Blues.
Esse foi o quinto disco da banda, já sem o tecladista Flavio Venturini que posteriormente iria formar junto com Sergio Magrão, o maravilhoso 14 BIS... Mas esse papo fica para um outro café!


A viagem continua

O Terço viria a lançar outros discos, com novos músicos, outras formações, e está vivo até hoje em sua formação original, exceto pelo baterista Luiz Moreno que nos deixou em 2002. 
Em 2005, a banda decide retornar e grava um disco e um DVD ao vivo no Canecão - RJ, pela Som Livre, com o grande baterista Sergio Mello e participações de Irinéa Ribeiro, esposa de Luiz Moreno e Marcus Vianna, no violino.
O trabalho mais recente da banda se chama “O Terço 3D”, um revival de seus clássicos, lançado em 2015, com o baterista Fred Barley, também em DVD com tecnologia 3D. 


O Terço hoje: Sergio Hinds, Fred Barley, Cezar de Mercês, 
Sergio Magrão e Flavio Venturini / Foto: jornalcasadagente.blogspot.com


A banda é referência nesse estilo de Rock tanto aqui, como lá fora e segue com shows esporádicos em algumas casas de show e SESCs pelo Brasil. 
Quando souber de um show desses, não perca!


Curiosidades:

O disco “Casa Encantada”, leva esse nome por ter em sua maioria, composições criadas em uma fazenda de São Paulo, onde o grupo morou por um tempo.
O Terço foi a banda que tocou em várias faixas do excelente disco “Vento Sul” de Marcos Valle (1972), e no disco “Nunca” de Sá e Guarabyra (1974).
Em 1971, Jorge Amiden idealiza uma guitarra de três braços (tritarra), a qual lhe possibilitaria extrair novos timbres sem a necessidade de se trocar de instrumento durante as apresentações. 
Em 1977, O Terço e Os Mutantes realizam um tributo aos Beatles, com shows em conjunto no Rio de Janeiro e São Paulo.

Carlos Bermudes, especial para o AEOL