03 setembro 2018

ROCK SPOTS: MOVIMENTO PERPÉTUO

Algumas bandas, sejam nacionais ou de fora, têm vida curta. Isso não quer dizer que sua contribuição tenha sido menos importante.

Nessa linha, merece ser citada a banda Moto Perpétuo.

Formada em São Paulo na primeira metade da década de 1970, teve em seu line-up, Egydio Conde (guitarras e vocais), Diógenes Burani (bateria), Gerson Tatini (baixo e vocais), Claudio Lucci (violões, violoncelo, guitarras e vocais) e nada mais, nada menos que Guilherme Arantes (teclados e vocais).

Imagens: http://www.celsobarbieri.co.uk/memorias/index.php?option=com_content&view=article&id=494:moto-perpetuo-moto-perpetuo-1974&catid=21&Itemid=66  

O álbum “Moto Perpétuo”, filho único dessa formação, chegou em 1974, pela gravadora Continental Discos e conforme Guilherme relata, seu lançamento foi ofuscado, não só pelo mercado musical da época, como pela estratégia da própria gravadora que, ao mesmo tempo lançava A Barca do Sol (outro grande disco para se falar aqui e se ouvir aqui), com apadrinhamento mais forte. Apesar disso, teve sua estreia ao vivo no Teatro 13 de maio, em São Paulo, atual Café Piu-Piu.

"Moto perpétuo" é acima da média e tem ótimos arranjos, apesar das dificuldades de se gravar um álbum de rock progressivo com a tecnologia que se tinha à disposição em nosso país, àquele momento. Essa defasagem pode ser notada, por exemplo, nas gravações de bateria em todas as faixas, onde o baterista Diógenes inseriu incríveis arranjos, com viradas dignas das melhores bandas da década de 70, porém prejudicadas em seu registro final, sem nitidez e engolida por outros instrumentos.

A bateria de “Verde Vertente” é sensacional, pontuada pelo contra-baixo de Gerson Tatini, inspirado nos timbres de Chris Squire (Yes), sem falar no arranjo dos vocais da música inteira. Podemos citar ainda, a faixa “Mal o Sol” que abre o disco, “Seguir Viagem”, que emociona bastante com violões muito bem tocados e uma letra simples e linda. “Conto Contigo”, “Matinal” e “Turba” são outras pérolas que valem prestar atenção e repetir sua audição.

Confira:



"Moto Perpétuo" é uma estrela perdida nessa imensa constelação do rock nacional e abriu caminho para seu tecladista Guilherme Arantes alçar um voo solo extremamente bem-sucedido na música popular brasileira. Ouça-o contando um pouco dessa história:



Parte da banda (Claudio Lucci, Gerson Tatini e Diógenes Burani) voltaria em 1981 para gravar outro lindo LP sob o nome de "São Quixote", com Mônica Marsola (voz e violões) e participações do próprio Guilherme Arantes.



É isso! Aquilo que é bom se perpetua, em qualquer tempo ou espaço.

Carlos Bermudes, especial para AEOL.

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