O SESC Ipiranga e o Museu do Ipiranga estão fazendo parcerias para
exposições históricas.
O Museu do Ipiranga estará fechado até 2022 para
reforma, mas tem um acervo histórico excepcional. Sua diretora, a historiadora Solange
Ferraz de Lima, e o conhecido e celebrado designer Chico Homem de Melo, também da
USP, organizaram a exposição “Papéis Efêmeros: memórias gráficas do cotidiano”.
Imagem: https://www.sescsp.org.br/unidades/5_IPIRANGA/#/uaba=programacao#/fdata=id%3D5
É uma exposição para
especialistas em design gráfico, adultos de qualquer profissão, e principalmente as crianças, vão adorar.
Fundamentalmente, é uma exposição para avivar a memória
e todos os sentidos. Você poderá rememorar até o gosto daquela bala que você
costumava comer quando era criança ao ver na exposição o papel que a embrulhava.
Danilo Miranda, um exemplo de gestor impecável e muito inteligente, no catálogo
em forma de jornal chega a falar em “Ouvir os Impressos” pois “rótulos, embalagens,
anúncios e publicações, em geral sem autoria identificável, contam histórias
coletivas cuja compreensão permite leituras mais lúcidas não apenas do passado,
mas dos tempos que correm”.
Uma equipe de educadores excelente recebeu meus
alunos de Estudos Visuais da Universidade Anhembi Morumbi. Liderados por
Danielle Sleiman, cujo trabalho muito dialogal eu já conhecia de outro Centro Cultural,
nos fizeram descobrir diferenças
culturais e fazer diferentes leituras
ao passearmos pelos diferentes
núcleos da exposição que são:
- Núcleo Cultura que mostra de livros de receita a
impressos de música(1900 a 1950);
- Núcleo Educação onde se pode ver o início da
propaganda de São Paulo como o estado educador na década de 20. Quem tem mais de
40 anos vai encontrar alguma coisa que
lembre sua escola pois os anos 20 perduraram até os anos 80 mais ou menos.
- O
Núcleo Consumo é variadíssimo. Trata-se
da coleção de Egydio Colombo Filho (1955-2013) que pertence ao Museu do
Ipiranga. É o Núcleo que mais apela para a comparação visual, principalmente de
rótulos do mesmo produto através do tempo como a vitrine de rótulos de água
mineral Lindoya, cujo testemunho gráfico representa o equilíbrio entre a
persistência e a mudança.
- O Núcleo de Técnicas de Impressão e o de Poéticas do Efêmero são os mais
sedutores como também é muito sedutor o Design da exposição com vinhetas de
detalhes dos impressos que animam o espaço magnifico do SESC Ipiranga, o qual
cultiva a impressão de quintal para brincar.
É uma variável muito interessante para se opor ao “cubo branco” copiado
a exaustão pelos nossos museus conservadores, embora de Arte Moderna e
Contemporânea, uma contradição.
Lembrou-me o modo de expor da Coleção Barnes na
época de seu criador (anos 70) injustamente difamado.
A exposição ficará até setembro. Em julho haverá uma programação efêmera
muito animada e significativa para crianças e adultos e até para colecionadores
que terão um dia para mostrar suas coleções de material gráfico.
Professores
ganham material didático muito bom para estes tempos de Copa, um álbum de
figurinhas não de jogadores, mas rememorador da exposição, uma herança do
ideário da Escola Nova: reforço de aprendizagem pela imagem.
Ana Mae Barbosa, especial para AEOL - Arteducação Online
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