Paris, novembro, 20, 21 e 23, 2017
Este colóquio organizado pela
Universidade Paris Descartes demonstrou claramente a potência do movimento
atual de “Back to Creativity”.
Até meados dos anos 80, em Arte/Educação, muito se falava
em desenvolvimento da criatividade como objetivo e metodologia de ensino, mas
comumente as ações oscilavam entre a normatividade disfarçada e o mero “deixar
fazer”. Houve experiências realmente comprometidas com o processo criador,
abafadas pela incoerência da maioria que deixava uma enorme lacuna entre o
dizer conceitual e o fazer na sala de aula.
Nos fins dos anos 80 a palavra ‘criatividade’ foi banida dos
currículos, das ementas dos cursos e do discurso dos Arte/Educadores. Foi
substituída pela palavra “inovação” mais adaptada à nova ideologia de educação
para o mercado.
No Colóquio Criação & Criatividade: entre Formação e
Pesquisa não ouvimos falar de inovação mas de uma miríade de conceitos mais
humanizados acerca de criatividade, como Criação conectada, Criatividade e
saúde, Criatividade e existencialismo, Criatividade e somatização, Criatividade
e mundo interior, Didática da criação artística, Mediação Cultural e
Criatividade, Criatividade e indeterminação artística, Criatividade e Medicina
narrativa, etc.
Houve várias apresentações sobre formas
de desenvolver e formas de avaliar criatividade assim como de muitas
experiências de imersão prática no processo criador de alunos cientistas e
artistas.
Destaco a conferencia de Bernard Audie,
“Da formação de si à criação”, que enfatizou a participação integral do Corp
Vivant, do Corp Vecú e do Corp Vital nos processos criativos. Ele publicará em
breve um livro no Brasil.
Outro autor que já é muito lido em
português no Brasil, Michel Maffesoli, deu uma magnifica conferencia sobre a
“Criatividade e o Cotidiano”.
Falaram vinte e cinco pesquisadores de diversos países, todos
convidados pelos organizadores do Colóquio: Dr. Todd Lubart, Dra. Apolline
Torregrossa, Dr. Roberto Falcon e Ms. Sidiney Peterson.
Eles convidaram sete pesquisadores
brasileiros: Dr. Afonso Medeiros (UFPA), Dra. Vitória Amaral (UFPE), Dra.
Valéria Alencar (UNESP), Dra. Leda Guimarães (UFG), Dra. Rejane G. Coutinho
(UNESP), Sidiney Peterson (doutorando UNESP) e eu, que já vinha trabalhando em
contato com Apolline Torregrossa e Marcelo Falcon há algum tempo.
Participei da última mesa do Colóquio junto com Dra. Marie-Françoise
Chavanne, que foi presidente da International Society of Education
through Art (InSEA/UNESCO) com quem muito aprendi a lidar com gestão
internacional e usei o que aprendi quando fui também Presidente da InSEA, aliás,
a única de um país em desenvolvimento até hoje.
A palestra de Chavanne sobre o
renascimento e reconhecimento da Criatividade na Educação como vetor de
inteligência e criação ampliou o sentido do Colóquio e indiscutivelmente
demonstrou que o mundo de agora precisa de soluções criativas na medicina, na
economia, na psicologia, na antropologia, no Design, na Arte/Educação .
Falei em inglês sobre uma categorização
de Criatividade, a Criatividade Coletiva, para a qual me inspirei nas
metodologias de Gestão e do Design estimulada pelos movimentos Ativistas e
pelas redes sociais. Nossa mesa foi considerada a mais política do Colóquio e
comentada positivamente pelo público assim como foram muito bem recebidas as
palestras dos brasileiros participantes.
Não foram aceitas comunicações no Colóquio
mas os estudantes e não convidados puderam participar apresentando posters.
Duas alunas da UFPE apresentaram seus posters.
No dia 23 de novembro houve uma reunião na Universidade
Paris Descartes coordenada por Roberto Falcon para avaliar o Colóquio e
projetar o próximo que será possivelmente na Espanha.
Os brasileiros formaram um grupo de estudos não sei ainda se
formal ou informal, mas nos reuniremos em janeiro de 2018.
Vamos ampliar nossas pesquisas!
São Paulo, 30 de novembro de 2017
Ana Mae Barbosa
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