São tantas que teria que escrever um compêndio só para isso. Mas, enquanto não tenho coragem para tanto (mesmo porque sou mero ouvinte - embora atento - sem pretenção de tornar-me historiador da música), compartilho aqui breve análise sobre um fenômeno atual: as cantoras de sofrência.
Música de corno que sofre é tradição no meio sertanejo, no qual homens lamentam traições e perdas de mulheres amadas (ou desejadas). Ouça um clássico dos cornos:
Enquanto eles choravam a traição no Fuscão Preto amaldiçoando o ronco do motor Wolkswagen, elas mantinham-se fiéis aos ideais românticos, do encontro com o amor eterno. Este é o caso de músicas compostas e gravadas pela bem-humorada Roberta Miranda.
Ela falou em destino? Que nada! Vingança tarda mas não falha.
As mulheres da sofrência respondem de outro modo. Feminismo? Talvez! Fato é que elas estão empoderadas e dão o troco sem pestanejar.
As músicas abaixo vêm sendo ouvidas à exaustão já faz algum tempo. Todas se apropriam do discurso do cornudo traído e não deixam nada passar incólume. Dê play nos vídeos abaixo e preste atenção no que elas elas cantam.
A fila anda. Enquanto cê tá indo eu tô voltando!
Suas malas estão na porta, infiel!
Pega esses R$50,00 e aproveita. Deixa que eu te ajudo a pagar a conta do motel!
A lição das cachorras do funk chegou ostentando na sofrência:
Sorte sua que cê beija bem. Se não fosse isso eu não voltava, não!
Você se envolveu com uma amiga minha e quero os dois na rua agora!
Não gostou? Fala com meu advogado:
Incompetente! Você não foi capaz de me fazer feliz!
Te dei tudo e você se iludiu com essa "bandida". Fica com ela então, porque eu vou ficar com outro!
Eitaaaaaaa! Acaba não mundão!!!
Car@ leit@r, busque na internet músicas e vídeos de sofrência e encontrarás muito mais com elas. Foi-se o tempo em que homens choravam por um um fio de cabelo no paletó. Não é Chitão, não é Xororó?
Car@ leit@r, busque na internet músicas e vídeos de sofrência e encontrarás muito mais com elas. Foi-se o tempo em que homens choravam por um um fio de cabelo no paletó. Não é Chitão, não é Xororó?
Sofre sim rapaz, porque a mulherada está no poder. Xororô sofrido, né!
Tomara que o universo machista continue a se desmantelar e que outras possibilidades não binárias macho/fêmea se revelem não só na música sertaneja mas em todo e qualquer outro contexto.
Voltando ao início desse texto, Roberta Miranda é tão inteligente que recebeu Marília Mendonça em um de seus shows e reconheceu que os tempos mudaram. A fila andou, e desandou. Bom pra todo mundo!
Coragem, migo, coragem! Assista a um show com várias delas juntas e... seguuuuuuura esse estrogênio peão! Se for capaz, claro!
José Minerini
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