18 fevereiro 2015

CINZAS

O Carnaval de rua de São Paulo cresce ano após ano. Nesses dias a vida fica mais leve na metrópole.

Então, hoje, só restam as cinzas. Vicente Celestino dá o recado:


A música todo mundo conhece; a letra é um primor do cancioneiro nacional. Leia:

Cinzas
Álgida saudade me maltrata,
Desta ingrata,
Que não me sai do pensamento,
Cesse o meu tormento,
Tréguas à minha dor,
Ressaibos do meu triste amor.

Atro é o meu grande martírio,
Das sevícias,
Tenho n'alma a cicatriz.
Deus, tem compaixão deste infeliz,
Mata meus ais,
Por que sofrer assim,
Se ela não volta mais

Desse pobre amor que um dia floresceu,
Como todo amor que é sem vigor , morreu.

Ai, mas eu não posso esquecê-la, não,
A saudade é enorme no meu coração.
Versos que a pujança deste amor cantei.
Lira do poeta que a sonhar vibrei,
Cinzas, tudo cinzas eu vejo enfim,
Esta saudade enorme que reside em mim.

Morto ao dissabor do esquecimento,
Num momento ebanizado da paixão,
Está um coração que muitas dores padeceu,
Um pobre coração que é o meu.

Dentre de minha alma que se aflige tem,
Uma esfinge emoldurando muitas fráguas,
Deus, por que razão que as minhas mágoas,
A minha dor,
Não fogem de minha alma,
Como fugiu o amor

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