07 novembro 2016

ANA MAE INFORMA: LA NANA - FÁBRICA DE CRIAÇÃO E INOVAÇÃO

Enquanto no Brasil estamos lutando contra a extinção das Artes no currículo e a possibilidade de fechamento das Fábricas de Cultura de São Paulo, no México visitei um projeto de formação de professores de Arte e de Arte para o povo, surpreendente pela excelência.

Trata-se do La Nana- Fábrica de Criação e Inovação criado em 2009 por Lucina Jimenez que desistiu de uma posição de poder como diretora da Universidade das Artes para criar uma ONG, a ConArte e assim dar início ao seu sonho de fazer crianças e comunidades se apaixonarem pelas Artes. Fui recebida no La Nana por Marcela Correa-coordenadora acadêmica e Mari Cruz Jimenez- coordenadora de Difusão. Na entrada do lindo edifício dos inícios do século XX que abrigava a primeira subestação de energia para os bondes havia uma faixa dizendo ”Bem-vinda Ana Mae”.

Faixa de recepção para Ana Mae Barbosa
Acervo: Ana Mae Barbosa

Francisco - motorista, Marcela Correa - coordenadora acadêmica, Ana Mae, García - coordenadora técnica do programa e Mari Cruz Jimenez - coordenadora de difusão.
Acervo: Ana Mae Barbosa

Lucina estava na Colômbia. Conheci-a uns seis anos atrás através da OEI. Estou convencida de que há poucas pessoas que reúnem tão bem solidez teórica, consciência social e energia para a ação. No momento da minha visita um conjunto musical de jovens adultos estava ensaiando durante a semana eles tem aulas individuais de instrumentos.

O La Nana atende ao bairro e tem projetos de Arte em onze escolas públicas em convenio com a Secretaria de Educação. Atendem mais ou menos 2.000 crianças nas escolas e 1000 pessoas individualmente por ano.  Já formou 24.000 diretores de coros no país.

Entrada do La Nana
Acervo: Ana Mae Barbosa

Para os professores são dados cursos gratuitos no verão de canto, estratégias artísticas e atualização.

Também dão cursos de formação de professores em cidades do interior.

Para os artistas que querem ensinar há cursos de dança, música, foto, vídeo. Classes de salsa e dança de salão são dadas à tarde na terça-feira para a comunidade do entorno que é muito pobre. Também há cursos pagos como o de hip-hop em torno de 20 dólares por mês. Para os vizinhos se faz 50% de desconto.

Há uma sala intercultural com textos e livros de leitura em várias línguas. Fazem leituras de poemas num mercado próximo e de textos escolhidos pelos próprios trabalhadores do mercado.
   
Conseguem ótima comunicação com os meios. Há três programas de TV que cobrem o que fazem.  É o jornalismo colaborativo que desapareceu no Brasil. Ao me despedir perguntei aquelas mulheres guerreiras que objetivos o La Nana já atingiu.  García, coordenadora técnica do programa respondeu: criar uma nova geração valorizada pelos pais e pela sociedade.

Marcela Correa - coordenadora acadêmica e Mari Cruz Jimenez - coordenadora de difusão
Acervo: Ana Mae Barbosa

Mari Cruz falou de “Convivência contra a violência” e Marcela afirmou com segurança:

“Estamos criando oportunidade para todos de criar, expressar-se e conviver. ” Eu concordo com ela e quero ressaltar que fazem tudo isto com apenas 11 membros estáveis trabalhando juntos no La Nana.

 
Painéis de recados na entrada do La Nana para uso público
Acervo: Ana Mae Barbosa

Termino com uma frase de Lucina muito apropriada para a leitura de nossos deputados e senadores:
"Ninguna estrategia de desarrollo económico, urbano, educativo, social, medio ambiental, tecnológico o comunicacional puede seguir ignorando la importancia de la dimensión cultural ni los derechos culturales de la ciudadanía". Lucina Jiménez, directora General de ConArte
  
Visitem La Nana aqui.

Ana Mae Barbosa

Um comentário:

Cogitare Epstemologia disse...

Estou tentando fazer algo desse tipo,é um pequeno ato, mas relevante para com a formação e acesso de todos a Arte.

Porém é um trabalho muito difícil quando não temos o apoio e a união de artistas e de alguns educadores de Artes.

Ainda que existe trabalhos desse nível em outros países e que aqui no Brasil haja mais como esses aqui.