O bloco "Tô de Bowie" tinha sopro e, por conta disso, poderia ser chamado de banda?
Bombou! Lotado, não faltou gente com tatuagem, coque samurai, barba à lenhador com glitter e raios pintados por toda parte à la "Alladin Sane", álbum lançado em 1973 pelo homenageado David Bowie falecido em 10 de janeiro último.
http://www.obaoba.com.br/evento/balada/bloco-to-de-bowie-2016-sao-paulo-09-02-2016 / divulgação
Um casal purpurinado de dourado lembrou que se tratava de um ícone do glam rock e purpurinava quem perto deles ficasse. LoL!
Os problemas apareceram quando as pessoas começaram a reclamar que só se ouvia uma música: "Rebel, rebel". A versão carnavalesca ficou ótima, mas parecia show de Valeska Popozuda na Virada Cultural 2014 de tanto que repetia a mesma música.
O cortejo parou de andar e de tocar para anunciar que havia chego no pobre carro de som uma carteria de identidade perdida. O gesto nobre de anunciar o achado no microfone foi aplaudido por quem lá estava de boa, digo, de bowie.
Batman, o dono da carteira, subiu no fraco carro de som e aproveitou a deixa para pedir sua namorada, Branca de Neve, em casamento. Óóóóóóóóhhhh, o rapaz encarnou um Batman encantado e foi ovacionado pelos aproximadamente 40 mil participantes. Já falei que o carro de som era péssimo? Sim, era chocho mas deu para ouvir o pedido de casamento.
Mesmo assim, xoxo (abraços e beijos) para o "Tô de Bowie" pois reinou a liberdade, e isso já é muito importante. Ano que vem estarei lá e espero que "Rebel rebel' seja realmente rebel. Se em Salvador folião pipoca é o hype de 2016, que em São Paulo sejamos todos "tô de boa" e continuemos livres, sem cordas nem abadás. Isso sim é rebeldia.
Alalaô Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo: São Paulo é movida por um capitalismo feroz e profissionais do entretenimento certamente já miram suas estratégias que constroem mas também destroem coisas belas para o carnaval de rua da cidade. Estamos vulneráveis. Resistência e rebeldia já!
Depois do casório, o sofrível carro de som (já falei sobre isso?) começou a tocar outras músicas de Bowie. Em playback.
O amadorismo pairou sobre o desfile de "Tô de Bowie": parou no meio da Avenida Rio Branco enquanto nós que estávamos no chão éramos prensados uns aos outros por quem vinha atrás. Ta tranquilo ta favorável? Não, né!
Precisamos aprender com o povo de São Luís do Paritinga, de Salvador, Rio de Janeiro, Olinda, Bezerros, Ouro Preto ... que bloco, banda, trio elétrico, cortejo, cordão ou seja lá que nome se dá que não pode parar para nada. O povo sufoca!
Após isso, desisti, saí da Avenida Rio Branco. Entristecido, porque queria ir até o Vale do Anhamgabau super de bowie. Já não sou mais jovem o suficiente para saber de tudo e muito menos para seguir prensado no calor do asfalto da paulicéia que potencializa o sol de Verão a níveis absurdos.
A cidade de São Paulo se gaba de ser a mais rica de todo o Brasil. Mas falta-lhe a humildade de saber que seu crescente carnaval de rua ainda tem muito que aprender antes que o poder do dinheiro dite suas regras. Banheiro químico era quase mostruário de showroom de tão pouco e carro de som com qualidade sofrível, mas, se não me engano, do som já falei. Fato é que quem pode pode, e quem não pode se sacode entre urina e apertões de bloco parado pisando em garrafa de vidro quebrada no chão.
Hello organizadores do "Tô de Bowie", por favor, não parem nunca de andar e que tal fazer uma única versão com as músicas "Quem pode pode" e "Heroes"? Heroísmo teve quem enfrentou esse amadorismo todo. Não culpo os inventivos criadores desse bloco/banda, pois vocês só fizeram aparecer quão frágil está o carnaval de rua de São Paulo.
Outros blocos devem ter passado por isso certamente, mas não vi. A rua é de todo mundo e merecemos melhor estrutura para viver o "rebel, rebel" do carnaval. Quanto ao "Tô de Bowie", já que amor não falta, mais música por favor!
José Minerini
P.S.: Não acompanhei a maior parte do trajeto e espero que outras músicas de David Bowie tenham sido tocadas em versão carnavalesca. Repertório tem de sobra.
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