Aconteceu entre os dias 14 e 18 últimos o
XXIV Congresso da Federação de Arte Educadores do Brasil na cidade de Ponta
Grossa no Paraná.
A programação geral foi divulgada pouco antes
do congresso começar, o que fez com que participantes das seções de comunicação
ficassem incertos sobre dias e horários em que apresentariam os trabalhos
aprovados pelo comitê científico.
O livreto com a programação impressa não
tinha as datas repetidas em cada uma das seções e gerou certa confusão, resolvida nos balcões de informação instalados tanto no Cine Teatro
Ópera quanto nos recintos da Universidade Federal de Ponta Grossa que sediaram as atividades.
Sob o tema “Arte/educação Contemporânea:
Metamorfoses e Narrativas do Ensinar e Aprender” a palestre de abertura contou
com a presença da Professora Olga Hubard do Teachers College -TC/Universidade de
Columbia em Nova York. Hubard falou sobre atividades que
desenvolve com alunos de pós graduação no TC, professores que constroem narrativas cujo objetivo é tomar consciência da organização da vida e do trabalho docente. Apresentou quatro trabalhos de uma mesma aluna que exploram a linguagem verbal e a visual com o uso de diversos materiais, resultando em um livro com as narrativas seguidas de reflexões da própria aluna. Olga concluiu sua fala destacando que este resultado é inseparável da cultura, das crenças e das experiências de cada um.
A manhã do segundo dia foi dedicada a políticas públicas e à diversidade cultural, com discussões sobre o ensino das diversas áreas (dança, música, teatro e artes visuais), assunto de enorme interesse neste momento: a obrigatoriedade do ensino destas quatro áreas artísticas com aulas ministradas por professores com formações específicas em cada uma delas. Sobre isso, um Projeto de Lei está em trânsito e pode ser lido aqui.
Após o almoço aconteceram as primeiras seções de comunicação e algumas oficinas. A de Stop Motion começou com muito atraso e teve professor trocado de última hora. A primeira Assembleia Geral encerrou a tarde indicando a dificuldade de organizar as representações de professores de arte em cada um dos Estados brasileiros, resultando na sugestão de haver – quando inexistir uma organização ou associação – a presença de um representante da FAEB por Estado. Esta é mais uma tentativa de articular as representações Estaduais que há tempos não se sustenta, deixando claro que existe falha na organização de base dos arte/educadores, o que, por um lado, fragiliza a categoria, e por outro, fortalece professores que estão engajados com o ensino da arte há muito tempo. Essa discussão foi das mais importantes neste Congresso, que contou com a participação de membros do CLEA – Conselho Latino-americano de Educação através da Arte e da representação nacional junto à Insea – International Society for Education Through Art, órgão não governamental vinculado à UNESCO.
A palestra da segunda noite foi precedida por encenação do grupo Entrecena do Maranhão e a primeira a contar com uma representante do CLEA, Drª. Dora Lúcia Águilla Sepúlvida, da Universidad Mayor de Santiago do Chile e da Profª. Drª Leda Maria de Barros Guimarães da Universidade Federal de Goiás, atual representante da América Latina no Conselho Mundial da INSEA também estava presente. Dora é uma das fundadoras do CLEA, criado no Rio de Janeiro em 1984 quando lá aconteceu um Congresso da INSEA.
Os shows, em geral e desde o primeiro dia, mereciam melhor acabamento pois ficaram com certo ar de amadorismo: iluminação afinada aos olhos do público, instalação e operação grosseira do datashow, manuseio de urdimentos frente à plateia lotada e interferências sonoras indesejadas que aconteceram também durante falas de convidados. A elegância da arquitetura art déco do Cine Teatro Ópera inspira cuidados. As exposições estavam bem montadas e fundamentadas. Grata surpresa foi saber que o maior acervo de fotografias em chapas de vidro do Brasil é de Luis Bianchi e se encontra em Ponta Grossa.
O terceiro dia começou com conferência da Drª. Antonia Pereira Bezerra da Universidade Federal da Bahia, representante do CAPES que apresentou as atuais perspectivas de pesquisa em Arte. Seguiram-se três mesas redondas simultâneas: história como memória, a cena contemporânea como episteme e diálogos entre poética, episteme e práxis. Destacou-se a apresentação da Profª. Drª. Rita Bredariolli da UNESP e sua homenagem a Nicolau Sevcenko, historiador falecido em agosto último. Ana Mae Barbosa apresentou na mesma mesa seus pareceres sobre exposição de desenho de crianças japonesas feita no Brasil em 1928.
A tarde começou com mesa sobre Educação em Museus com destaque para a apresentação da doutoranda Luciene Bonace Lopes Fernandes da Faculdade de Educação da USP, que apresentou desenhos feitos por crianças no campo de concentração de Terezín. Comunicações completaram a tarde e são sempre importantes, pois ali é que se percebe com maior proximidade a quantas anda o ensino da arte pelo Brasil. Lamentável é a ausência de relatos condensados que ajudem a definir os próximos passos da própria FAEB.
A noite teve agradável início das atividades no Cine Teatro Ópera com um recital dedicado às canções de Marcello Tupynambá, seguida por palestra a Prfª. PHD Ethel Marina Batres Moreno da Universidade Rafael Landívar da Guatemala, que proferiu animada fala sobre educação musical contemporânea prejudicada por falha na execução de um CD musical.
O quarto dia iniciou com ações simultâneas que deram continuidade às reflexões sobre narrativas, arte e educação, com destaque mais uma vez para a palestra da noite, proferida pelo professor Justin Peters Sutter da Southern Illinois University dos Estados Unidos. Ele apresentou o modelo atual de educação naquele local e destacou que não condiz com a realidade dos educandos (imigrantes, pobres e desterritorializando). Enfatizou que a educação por vezes visa a criação de consumidores no sistema capitalista e não de pessoas pensativas, reflexivas ou críticas de valores instituídos.
O quarto dia iniciou com ações simultâneas que deram continuidade às reflexões sobre narrativas, arte e educação, com destaque mais uma vez para a palestra da noite, proferida pelo professor Justin Peters Sutter da Southern Illinois University dos Estados Unidos. Ele apresentou o modelo atual de educação naquele local e destacou que não condiz com a realidade dos educandos (imigrantes, pobres e desterritorializando). Enfatizou que a educação por vezes visa a criação de consumidores no sistema capitalista e não de pessoas pensativas, reflexivas ou críticas de valores instituídos.
Antes disso, foi eleita na segunda e última Assembleia a nova diretoria da FAEB, cuja presidência do próximo biênio cabe à Profª. Drª. Ana Luiza Ruschel Nunes. Nesta mesma seção definiu-se Fortaleza como a cidade que receberá o XXV Confaeb em 2015.
No quinto e último dia aconteceu o I Fórum de Coordenadores de Licenciaturas.
No quinto e último dia aconteceu o I Fórum de Coordenadores de Licenciaturas.
Foi um Congresso fraco de debates e forte no congraçamento nacional e internacional. As mesas e palestras tiveram pouca representatividade, assim como os artigos, que muito narram e pouco indicam de metamorfose no ensino/aprendizagem da arte. O passo importante foi a eleição de representantes estaduais.
José Minerini
(com colaboração de Edna Onodera - palestra de Sutter)
Um comentário:
Neto, alguma noticia do XXV Confaeb?
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