01 setembro 2010

ENTREVISTAS COM ARTE/EDUCADORES 1: CLAUDIO RIBEIRO BARROS E PAULO NIN FERREIRA

ARTEDUCAÇÃO ONLINE INAUGURA COM ESTE POST ENTREVISTAS COM ARTE/EDUCADORES QUE ATUAM ENFATICAMENTE NO PANORAMA DA ARTE, EM SEU ENSINO E EM SUA APRENDIZAGEM.

A PRIMEIRA ENTREVISTA É COM CLAUDIO RIBEIRO BARROS E PAULO NIN FERREIRA QUE O ARTEDUCAÇÃO ONLINE CONHECEU ATRAVÉS DO BLOG FORMA E CONVERSA.

Tag do blog "Forma & Conversa" desenvolvido por Claudio e Paulo
(imagem: blog Forma e Conversa)

ESTA SÉRIE NÃO TERÁ DIA CERTO PARA SER PUBLICADA PORQUE É COMPLEXO CONCILIAR DISPONIBILIDADES FRENTE AO ATRIBULADO COTIDIANO DE QUEM TRABALHA COM ARTE E EDUCAÇÃO.


Lei a seguir a entrevista exclusiva com Claudio e Paulo:


ARTEDUCAÇÃO ONLINE (AEOL): Em quais escolas vocês desenvolvem suas atividades?

Cláudio - Atualmente trabalho no Colégio Rumo com turmas do 9º ano Fundamental à 3ª série do Ensino Médio e no Anglo Leonardo da Vinci apenas com o Ensino Médio. As postagens que publiquei até agora no blog FORMA E CONVERSA referem-se aos trabalhos no Rumo, mas logo começarei a postar o que desenvolvo no CAPS Diadema na Oficina de Arte para Pessoas com Grave Sofrimento Psíquico (lá trabalhei por 7 anos), na EMIA (Escola Municipal de Iniciação Artística) de Santo André e no CEU Vila Atlântica/EMIA do CEU, CEU Jardim Paulistano no Programa de Iniciação Artística/PIA e outros.

Paulo - Atualmente sou coordenador da área de Arte do Colégio I.L.Peretz e professor de Artes Visuais na Educação Infantil e no Ensino Fundamental da Escola Arraial das Cores, em ambas há mais de 15 anos.

AEOL: Desde quando vocês são arte/educadores?

Paulo - Sou formado em Música, em Artes Visuais, possuo formação técnica em marcenaria e recentemente tenho me interessado por aprofundar a compreensão sobre minha prática educativa. Por este motivo cursei mestrado em educação na USP. Meu percurso profissional passa por estas áreas e trabalhei vários anos na EMIA (Escola Municipal de Iniciação Artística) de São Paulo como professor de música e na EMIA de Santo André com oficinas de construção de brinquedos e marcenaria para jovens e adultos. Recentemente orientei um projeto de Oficina de Marcenaria no Instituto Tomie Ohtake desenvolvendo projetos de mobiliário com adultos. Tenho experiência também em cursos de educação continuada de professores e em cursos superiores de pedagogia, sempre com a disciplina de Metodologia do Ensino da Arte.

Claudio - Comecei a trabalhar com Ensino de Arte logo depois que comecei a pintar. Isso foi em Ouro Preto por volta de 1984. Entrei neste projeto substituindo uma amiga – era uma peça de mamulengo que rodava nas periferias desta cidade dirigido a crianças. Depois do espetáculo oferecíamos oficinas de arte: um dia era pintura, noutro argila, depois desenho...
Embora fosse algo muito alegre e descontraído, eu não tinha muita consciência do que fazia até então. Logo que cheguei a São Paulo, integrei o projeto de Monitoria Infanto-juvenil da 18ª Bienal de São Paulo e lá tive uma formação mais sistematizada. Era um curso de História da Arte Moderna com duração aproximada de 200 horas que junto tinha uma formação/treinamento específico de arte educação na qual líamos muito, discutíamos e tínhamos atividades práticas coordenadas por Chakè Ekizian, Paulo Von Poser e Marcia Matias sob a supervisão geral da Ana Cristina Rocco.

A partir dessa experiência passei a encarar a arte educação como uma atividade de conhecimento, assim como a arte. Era uma prática de pesquisa de possibilidades expressivas e investigação de procedimentos de criação artística e de como podíamos relacionar as questões da arte que nos interessavam com a interação entre pessoas – crianças, jovens, adultos, passei a me interessar por trabalhos com pessoas com dificuldades em diversas situações, como crianças e jovens sob risco social e doentes mentais. Foram alguns bons anos trabalhando com arte educação não formal, em instituições geralmente do governo, até que por necessidades específicas, num grupo grande de artistas educadores de diversas áreas artísticas – na EMIA, montamos uma cooperativa. E muita água rolou. Mas foi depois dessa fase que me direcionei para a escola formal, onde estou agora.

AEOL: Vocês conciliam a sala de aula com outras atividades?

Cláudio - Todo o tempo desde 1982 trabalho com pintura, em alguns momentos com gravura e outras coisas, mas o trabalho com arte, num projeto pessoal é que de certa forma me sustenta na arte educação.

Paulo - Atualmente a minha atuação é maior em sala de aula, tenho dedicado pouco tempo para uma produção artística pessoal. Porém nem sempre foi assim. Durante muitos anos tive um ateliê de marcenaria que dividia o meu tempo de trabalho produzindo móveis e objetos de marchetaria.

AEOL: O que fundamenta o ensino de arte que realizam?

Cláudio - Posso dizer muito seguramente que o fundamento da arte educação que pratico é a minha pintura. É claro que as experiências vão se somando e sedimentando uma trajetória composta de estudos, pesquisas, pessoas incríveis, mas a verdade do que falo e proponho para os estudantes e participantes está ancorada na minha própria experiência de arte.

Paulo - Meu caminho começa nas atividades que eu desenvolvia na infância, adolescência e início da vida profissional. Esta experiência sem dúvida marca a minha forma de ensinar. Mas ninguém aprende sozinho, meus verdadeiros mestres encontrei nas escolas por que passei (coordenadoras e colegas de trabalho).

AEOL: Dentre tudo o que já fizeram nas escolas, quais atividades foram marcantes?

Cláudio - Das atividades mais marcantes, algumas delas estamos colocando no blog, mas
muita coisa legal que fizemos não temos registros digitalizados.

Paulo -  Minha entrada para a EMIA de São Paulo em 1985 e meu primeiro período na EMIA de Santo André entre 1990 e 1992 foram marcantes pelo aprendizado que me proporcionaram. Um espaço de troca e interlocução é fundamental.

AEOL: O que os levou à blogsfera?

Paulo – Há muitos anos conversamos, eu e Cláudio, sobre as experiências que desenvolvemos nas escolas, em alguns momentos até conjuntamente, sempre com o desejo de difundir e trocar idéias sobre arte e educação. Na verdade engavetamos vários projetos.
Recentemente em um encontro de arte educadores fiquei sensibilizado pela troca de experiências e como foi enriquecedor para todos. Aí me animei em chamar o Cláudio para desengavetar um de nossos projetos na forma deste blog, tentando criar um espaço que desse forma as nossas conversas e que outras pessoas também pudessem usufruir e contribuir.

Cláudio - Primeiro foi a vontade de comunicar algo que transborda. Por um lado esse desejo de compartilhar para obter inclusive uma interlocução, mostrar para o outro e ter a visão do outro também – a troca. Mas também temos consciência que vivemos numa terra árida, digo num setor educacional com muitas necessidades, um público alvo enorme, com possibilidades de desenvolvimento humano em trabalho com arte muito grande, mas em compensação com pessoas, profissionais em grandíssimo número com poucas referências de trabalho em criação com profundidade, de trabalho com arte na perspectiva da construção de consciência. Por isso tentamos colocar alguma coisa nesse terreno, talvez funcione como alguma referência, talvez suscite alguma discussão.

ARTEDUCAÇÃO ONLINE  e arteducação produções agradecem a entrevista com Paulo Nin Ferreia e Cláudio Ribeiro Barros e indicam: http://formaeconversa.blogspot.com/


Claudio Ribeiro Barros e Paulo Nin Ferreira em entrevista exclusiva para ARTEDUCAÇÃO ONLINE
http://www.arteducacaoproducoes.com.br/
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