O Seminário + ARTE EN MI COLEGIO durante a Semana de Educação Artística (13 a 17 de maio de 2013) foi integrado por todos os museus de Arte de Santiago com atividades para alunos das escolas publicas sob a coordenação do futuro Ministério da Cultura (hoje Coordenadoria de Cultura equivalente a Ministério).
No Museu da Memória, que visitei com Dora Aguila, (ovacionada no Seminário por
seus ex alunos e que volta a ensinar na Universidade Mayor) tive uma das
grandes emoções de minha vida ao conversar com duas mulheres um pouco mais
jovens que eu, do norte do Chile que vieram a Santiago para visitar o MUSEU e
estavam a procura da imagem e da memória de amigos mortos pela ditadura.
Me
apresentaram as fotos de dois: um que foi assassinado aos 19 anos e o outro que
fora governador de sua província, ambos socialistas. Nunca tinha visto ou
experimentado uma mistura de emoções semelhantes: era alegria porque a memória
deles permanece e renovada tristeza pela perda. No fim elas nos disseram: não podemos deixar
esquecer.
O Chile está se recuperando sem esquecer. O MAC que há 15
anos era um pobre Museu que não tinha nada de contemporâneo é hoje ativo e
relevante com educadores teoricamente sofisticados e praticamente engajados.
Pablo Rojas Duran (Jefe Sección Educación Artística y Cultura do Departamento de Ciudadanía y Cultura) e sua equipe foram os idealizadores e responsáveis pelo Seminário e estão dirigindo vários projetos muito interessantes. Pablo Rojas lançou no Seminário o livro 12 Praticas de Educação Artística no Chile (acréscimo da editoria AEP online: disponível aqui), muito bem produzido. O TeatroMunicipal tem vasto programa anual para crianças com educadores bem preparados.
Museo de Arte Contemporáneo
Santiago/Chile
en.wikipedia.org
Pablo Rojas Duran (Jefe Sección Educación Artística y Cultura do Departamento de Ciudadanía y Cultura) e sua equipe foram os idealizadores e responsáveis pelo Seminário e estão dirigindo vários projetos muito interessantes. Pablo Rojas lançou no Seminário o livro 12 Praticas de Educação Artística no Chile (acréscimo da editoria AEP online: disponível aqui), muito bem produzido. O TeatroMunicipal tem vasto programa anual para crianças com educadores bem preparados.
Além disto o Artequin, um museu de educação artística que só tinha reproduções de obras de Arte Europeia vai inaugurar uma ala de Arte Chilena. Tenho grande respeito por este museu porque ele realiza a teoria de Benjamin e desconstrói a aura da obra única. É o único museu no Chile, de acordo com o livro de Ricard Huerta, que respeita e dialoga com as escolas. Exatamente porque despiu-se do poder da aura da obra única tão valorizada pela burguesia.
Em uma das mesas do Seminário o Ministério da Educação e de Cultura apresentaram seus programas. O diálogo entre estes dois poderes parece uma tendência na América do Sul pois
no Brasil os dois juntos instituíram o Programa Mais Cultura. Tomara que a moda
pegue.
Luis Errázuriz, antigo companheiro do CM da INSEA falou sobre Estética e
Cultura Visual num enfoque político e não celebrando o capitalismo como vem se
fazendo em algumas universidades no Brasil, felizmente poucas, as que não desconfiam que estão manejando ideias
fora do lugar, como diz Roberto Schwarz*.
No Brasil todos os Arte Educadores
já incorporaram a Cultura Visual contra hegemônica e não poderia ser de outra
maneira, somos um país pop, mais pop ainda que os USA pois temos o Carnaval e
ainda não matamos a cultura do povo. Uma surpresa me esperava em Puerto Varas,
Região dos Lagos. Trata-se do trabalho em teatro do arte/educador Fernando
Diaz que também celebrou a Semana de Educação Artística fazendo com que os
alunos de Artes dessem aulas nas escolas públicas. Seu livro Teatro Social no Chile
é muito bom e nunca imaginei que as zonas do trabalho duro nas salitreras no Chile tivessem sido humanizadas pelo teatro/educação desde os primeiros anos do século XX.
Volto do Chile entusiasmada com nossa América do Sul mas com
medo, medo do canto da sereia do neocolonialismo de outros países, medo de
quem já sofreu em uma ditadura e medo muito próximo de que "as industrias
criativas" por decisões dos governos que querem disfarçar o
desemprego, substituam as Artes na
Educação.
É possível uma convivência profícua entre ambas: indústria criativa
e Arte, mas substituição da Arte na Educação, nunca. 'Arte é a produção mais
relevante do ser humano' não é utilidade doméstica, é experiência que contribui
para o desenvolvimento pessoal e coletivo.
O contato que tive em Santiago com
os poetas, músicos e artistas plásticos do
grupo Casagrande foi uma epifania. Eles estão bombardeando com poemas as
cidades que foram bombardeadas pelas guerras como Guernica, Varsóvia, Berlim e
Londres. Vejam no youtube o bombardeio de Londres. Algo excepcional.
Uma esperança coletiva.
Um abraço,
Ana Mae
* Schwarz, Roberto. Misplaced Ideas: Essays on Brazilian Culture (Critical Studies in Latin American Culture). Vale a pena ler. (disponível aqui)
http://www.arteducacaoproducoes.com.br/
Ana Mae
* Schwarz, Roberto. Misplaced Ideas: Essays on Brazilian Culture (Critical Studies in Latin American Culture). Vale a pena ler. (disponível aqui)
http://www.arteducacaoproducoes.com.br/
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